O ANCIÃO IGNORANTE
Durante anos, o ancião varreu o claustro muito atenta e esmeradamente, sem deixar de fazê-lo um único dia. Paulatinamente, todos os homens começaram a ver mudanças notáveis no varredor. Parecia tão sossegado, gozoso, harmonioso! Todo ele emanava uma atmosfera de sublime serenidade. A sua inspiradora presença chamava tanto a atenção que os monges se aperceberam de que o homem tinha atingido um considerável grau de evolução espiritual e uma grande pureza de coração. Perplexos, perguntaram-lhe se tinha seguido alguma prática ou método especial, mas o velho, com toda a humildade, disse:
— Não, não fiz nada de especial, acreditem. Dediquei-me diariamente, com amor, a limpar o claustro, e cada vez que varria o lixo, pensava que estava também a varrer o meu coração, limpando-me de todo o veneno.
Ramiro Calle, Os Melhores Contos Espirituais do Oriente
A Esfera dos Livros, 2006
A Esfera dos Livros, 2006
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